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Doze dicas na hora de investir

Procurando por ações que tenham potencial de crescimento? Veja 12 métodos da análise fundamentalista que podem ajudar em sua busca

Escolher as ações na hora de investir é uma decisão muito importante. Os mercados oscilam muito, e as quedas nos preços das ações são muito comuns. Mas como saber quais as companhias que têm potencial para resistir às oscilações e continuar crescendo? Somente as empresas mais sólidas têm força para continuar subindo no longo prazo.
Mas como saber quais são essas companhias? Destacamos 12 indicadores que devem ser analisados pelos investidores quando procuram por empresas com perspectivas de crescimento. Algumas medidas, como a receita e os lucros, são importantes. Você pode encontrar estes números nas demonstrações contábeis das companhias, comparar com outras empresas e tomar sua decisão. Mas tenha em mente que não há uma única empresa que irá apresentar bons resultados nos 12 indicadores. Ao escolher seu portfólio, você deve procurar por companhias que apresentem bom desempenho em alguns dos indicadores. Algumas serão melhores em questões relacionadas a receitas e lucros, outras podem ter excelentes retornos sobre o capital, ou boa geração de caixa. A questão é que seu portfólio esteja baseada no maior número de fundamentos possível.

1. Crescimento da Receita
Um dos atributos que define o crescimento das companhias é a aceleração de suas receitas. Geralmente, o crescimento das receitas é correlacionado com a alta das ações. Uma expansão das vendas indica que a companhia tem um produto superior que está sendo bastante demandado. O crescimento das receitas depende do tamanho da companhia. Pequenas empresas têm um risco maior, pois dependem de um ou dois produtos comercializados. Para estas companhias, deve-se esperar um crescimento de 20 a 25% ao ano nos próximos anos. Para companhias maiores, 15% de expansão das receitas é um valor satisfatório.
Mas preste atenção: Sua investigação em busca dos maiores crescimentos não termina quando você encontra os que mais crescem. A chave é que a companhia esteja crescendo devido ao incremento nas vendas – e não por estar “comprando crescimento” através de aquisições. “Crescer através de aquisições não nos diz muita coisa”, comenta o empresário Jim Oberweis da Oberweis Emerging Growth Fund. É claro, existem exceções, mas as aquisições devem ser bem analisadas.

2. Crescimento dos Lucros
Vendas que não geram lucros não são significativas. Eventualmente – antes tarde do que nunca – um bom crescimento de vendas deve trazer o lucro como retorno. As empresas de Internet estavam tendo um crescimento sem lucros, até que os investidores se deram conta disto e derrubaram os preços de suas ações.
A melhor fonte de crescimento de lucros é o crescimento de vendas. Se a receita crescer, digamos, 30% em um ano, os lucros devem crescer mais ou menos na mesma proporção. Mas para empresas que passam a ser lucrativas, o crescimento nos lucros pode ser enorme: Uma companhia que passa de um lucro de 2 centavos por ação para um lucro de 4 centavos por ação apresenta um aumento de 100%. Quando uma companhia apresenta lucros mais substanciais, a taxa de crescimento destes geralmente acompanha a expansão das receitas.
Cuidado: As companhias podem aumentar seus lucros de outras maneiras. Muitas incrementam seu lucro por ação fazendo recompra de ações – sem fazer nada para aumentar o lucro líquido. Os investidores devem examinar a demonstração financeira da empresa para verificar se a expansão nos ganhos não é proveniente de arranjos feitos nas contas, reembolso de impostos, ou venda de ativos – já que nenhum destes casos reflete esforços da companhia para gerar lucros.

3. Retorno sobre o Patrimônio Líquido
Uma companhia deve apresentar um bom crescimento nos lucros, mas somente em comparação com os lucros apresentados no trimestre ou no ano anterior. Como você determina quando a empresa está gerando dinheiro sobre o patrimônio líquido?
O cálculo é fácil. Retorno sobre o patrimônio líquido é lucro líquido dividido pelo patrimônio líquido. A média varia para cada indústria. Olhe para a Petrobras. O lucro líquido em 2000 foi de R$ 10 bilhões, e o patrimônio líquido, R$ 25 bilhões. Isso representa um retorno sobre o patrimônio líquido de 40%, extremamente elevado, considerando que está bem acima do que outras empresas vêm apresentando e também se comparado com a taxa CDI, que foi de 17,3% .

4. Geração de Caixa
Geração de caixa é um termo financeiro, definido de diferentes maneiras. O objetivo mais simples é o seguinte: Determinar o que a companhia está ganhando antes de deduzir a depreciação e a amortização, gastos que não têm impacto no caixa da empresa. Os analistas geralmente utilizam a geração de caixa para testar a qualidade dos lucros. Se os ganhos forem muito superiores ou inferiores à geração de caixa, os ganhos devem ser irreais.

5. Administração
Boa administração pode ser algo difícil de quantificar. Mas, ainda sim é um fator crítico para o rápido crescimento das companhias em seus setores. Um líder experiente, com clara visão das condições da companhia, deve estar no topo. Os melhores administradores tem sempre um parcela pessoal na sucesso da empresa. Nos EUA, para uma empresa em expansão, o CEO deve possuir no mínimo 5% das ações da empresa, e insiders- leia-se CEO mais executivos e conselho de administração – no mínimo 30%. Na Juniper Networks Inc., por exemplo, o CEO Scott Kriens tem 18,3 milhões de ações, ou 8% da companhia. Os insiders detém 33%.
Nas grandes companhias, a cúpula deve ter parcela significativa de sua riqueza pessoal investida na empresa, mas nesse caso as porcentagens precisas não são relevantes. Nick Calamos da Calamos Growht Fund prefere empresas onde a remuneração dos executivos está atrelada aos objetivos do negócio, não ao preço da ação. Ele diz que os bônus devem ser baseados em vendas e lucros.

6. Índices Preço/Lucro
O preço/lucro é o mais popular indicador de avaliação. Ele é calculado dividindo o preço da ação pelo lucro por ação. A maioria das pessoas usa os lucros do últimos 12 meses para calculá-lo. Mas como comprar ações é um investimento futuro, os indicadores P/L mais poderosos usam expectativas de lucros para os próximos 12 meses. O P/L varia de setor para setor, assim é difícil de achar um único número como benchmark. Assim, a maioria dos administradores de fundos também olham para o P/L relativo das industrias do setor e sua série histórica, para julgar se a companhia está a preço de barganha.

7. Outras ferramentas de avaliação
Além do P/L, os investidores precisam olhar o P/R e o P/VPA. O P/R, ou preço/receita, é o preço da ação divididas pela receita líquida por ação. Levando em conta que as vendas são muito mais difíceis de manipular do que os lucros, este indicador serve como reforço para um P/L baixo e suspeito. O mesmo pode ser dito para o P/VPA. O P/VPA é o preço da ação dividida pelo valor patrimonial por ação.
Para ambos os índices, você deve usar uma abordagem de avaliação relativa. Olhe para o setor de atuação da empresa e seu histórico, em vez de estabelecer benchmarks absolutos. Por exemplo, como companhias de varejo tem margens de lucro mais baixas do que os fabricantes de software, suas vendas não são tão relevantes. Assim comparar o índice de preço/receita de 1,1 da Wal Mart com o da Microsoft que é de 12, não faz nenhum sentido. É melhor comparar Wal Mart com o Carrefour por exemplo. Procurar ações que estão baratas em relação à média de 5 anos de P/R da empresa funcionou muito bem na década de 90. Segundo Richard Moroney, da Dow Theory Forecast, este foi um dos índicadores mais efetivos.

8. Visibilidade de lucros
Quão certas são as projeções de lucros de sua ação favorita? Empresas que crescem consistentemente, sem se importar com o cenário econômico, merecem altas avaliações. A chave para isso é olhar o benefício das ações em tendências favoráveis de longo prazo. As perspectivas para companhias farmacêuticas, como a Merck, são brilhantes devido ao envelhecimento dos baby-boomers, o qual vai acontecer independente de modificações no PIB. Além disso, muitos medicamento são necessidades, e suas vendas sempre estão estimuladas. “Se a economia fica devagar, você pode deixar de comprar sapatos e ternos, mas não pode reduzir o consumo de medicamentos que precisa”, diz o gestor de portifólios Jon Burnham.
E Sobre a tecnologia? Os últimos meses nos lembraram que as ações de tecnologia são muito cíclicas, sujeitas aos altos e baixos da economia. Fabricante de PCs e semicondutores como Compaq e Intel estão vendo suas vendas declinar durante o período de recessão econômica. Embora ainda sejam companhias em crescimento, suas ações são melhor compradas no pior momento da recessão, não no ápice do crescimento. Timing, em ações cíclicas, é tudo.

9. Competição
As melhores companhias em crescimento são os grandes players em seus setores. Além disso podem ser aquelas que roubam market shares das grandes empresas. Chegar a elas demanda alguma pesquisa, mas na maior parte da vez elas já são um senso comum. Procure por companhias com grandes banco de dados, redes de distribuição, ou com altos níveis de serviço ao consumidor. Todos estes pontos são difíceis de serem copiados por um concorrente. As empresas farmacêuticas se dão bem em competições, uma vez que suas patentes dispõem de proteção, possibilitando medicamentos com altas margens de lucros. Companhias de tecnologia são mais vulneráveis. Certamente elas tem patentes registradas, mas novas tecnologias sempre aparecem e tornam as outras obsoletas.
Market share também é um importante atributo. Os grandes players tem mais controle sobre a precificação de seus produtos. Competidores menores acabam tendo os preços determinados pelos líderes, uma posição desfavoráveis para eles.

10. Contabilidade
Práticas contábeis devem ser conservadoras, e isso é difícil de encontrar em companhias em crescimento. A pressão de mostrar receitas e lucros fortes leva as companhias para um contabilidade agressiva. Quando consumidores da Cisco Systems não tinham dinheiro para comprar seus produtos, a Cisco estendeu a eles crédito. Isso funcionou por um instante. Mas quando os consumidores não puderam pagar, a empresa teve de arcar com US$ 350 milhões de maus pagadores.
Investidores podem se proteger de certa forma destas surpresas. Você deve olhar o fluxo de caixa da companhia, para ver se os recebíveis (produtos que a companhia vendeu)estão crescendo. Se estão, a companhia pode continuar emprestando dinheiro para os consumidores, mantendo assim suas vendas. Mas tome cuidado, se os devedores entram em falência, estas dívidas podem nunca mais ser pagas.

11. Momento
Se a perspectiva de crescimento nos ganhos da empresa são realmente boas, ela deveria ter uma performance melhor que a do mercado e de empresas da mesma indústria. Mas se o mercado está subindo, e o crescimento de suas ações está ficando para trás, pode ser um sinal de problemas. “Se vemos uma ação com uma performance ruim, é um sinal de que deveríamos intensificar nossas pesquisas”, diz Foster Friess da Brandywine Fund. “Pode ser um sinal de que deveríamos mudar nossos fundamentos”. A menos que você esteja certo de que as projeções de crescimento estão certas, você deveria evitar companhias que têm seguido a passos lentos o mercado por mais de um trimestre.

12. Dívidas
As dívidas podem matar o crescimento de uma companhia se suas vendas caírem a ponto de ela não conseguir pagar o que deve. “Quanto maior as dívidas, maior o risco”, diz Oberweiss. “Mas se você encontrou uma empresa com um bom crescimento nas vendas e lucros, mais dívidas podem ser uma vantagem. Você lucra com a alavancagem”. Mas cuidado, em excesso elas podem tornar-se vítimas da alavancagem. Qualquer companhia que se endivida demais pode enfrentar problemas.